Título

PERSISTENCIA DO VITREO PRIMARIO HIPERPLASICO COM ACHADOS DE SEGMENTO ANTERIOR: RELATO DE CASO EM LACTENTE DE 5 MESES

Objetivo

Relatar caso de uma criança com persistência de vítreo primário hiperplásico (PVPH) e discorrer sobre as características clínicas e diagnósticas, assim como, enfatizar a importância da avaliação oftalmológica no período perinatal.

Relato do Caso

Lactente do sexo feminino, com 5 meses de vida, encaminhada para avaliação oftalmológica devido a múltiplas malformações congênitas. Nascida com 38 semanas de gestação, por cesariana, em razão de más-formações fetais identificadas no período pré-natal. A ultrassonografia (US) obstétrica realizada na 38ª semana evidenciava microcefalia, encefalocele, fenda labiopalatina, comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV) e persistência de humor vítreo bilateral. Ao nascimento, a criança apresentava hipotonia e cianose, necessitando de aspiração das vias aéreas superiores, porém sem necessidade de manobras de reanimação. Foi submetida a avaliação genética, que levantou a hipótese de cromossomopatia, embora o cariótipo não tenha demonstrado alterações. Ao exame oftalmológico realizado aos 5 meses de idade, observou-se reflexo vermelho alterado em ambos os olhos (AO). A retinografia colorida de seguimento anterior revelou aniridia, microesferofacia com catarata, remanescentes da túnica vasculosa lentis. A US ocular evidenciou presença de opacidades vítreas de média e alta refletividade, sugestivo de processo inflamatório. Vascularização em região retrocristaliniana; descolamento de retina em região superior e inferior de ambos os olhos, confirmando o diagnóstico de PVPH combinado (anterior e posterior).

Conclusão

O vítreo primário é uma estrutura embrionária que durante o desenvolvimento embrionário ocorre a involução completa até o 8º mês de gestação, que não ocorreu neste caso. A realização de US morfológica de alta qualidade na avaliação pré-natal pode auxiliar na identificação precoce de más-formações oculares congênitas, como a PVPH. Esse diagnóstico antecipado permite um melhor planejamento terapêutico e preparo da família frente a doenças com prognóstico visual reservado.