Título

RETINOPATIA DE VALSALVA BILATERAL EM PACIENTE JOVEM: QUANDO OBSERVAR E QUANDO INTERVIR?

Objetivo

O relato visa discutir os principais aspectos fisiopatológicos, critérios de decisão clínica e resultados anatômico-funcionais obtidos, à luz da literatura atual, destacando a eficácia da vitrectomia pars plana precoce como estratégia segura e resolutiva em quadros selecionados de retinopatia de Valsalva com importante comprometimento visual.

Relato do Caso

Uma paciente do sexo feminino de 14 anos sem histórico médico relevante foi submetida à septoplastia eletiva sob anestesia geral. Após acordar do procedimento cirúrgico, ela experimentou perda súbita de acuidade visual bilateral e escotoma central. O exame inicial mostrou hemorragia pré-retiniana na mácula em ambos os olhos e a OCT revelou hemorragia significativa no olho direito e menor sangramento no olho esquerdo. Três dias após o início, a acuidade visual foi de 20/200P no olho direito e 20/60P no olho esquerdo. Devido à grave deficiência visual e hemorragia no olho direito, a intervenção cirúrgica foi realizada nesse lado, enquanto uma abordagem conservadora foi feita no esquerdo. O procedimento cirúrgico envolveu vitrectomia, aspiração de hemorragia pré-retiniana, remoção da membrana limitante interna e troca fluido-gasosa. No primeiro dia de pós-operatório, a paciente relatou melhora da visão no olho direito, com leve sangramento residual. No sétimo dia, a mácula parecia normal com redução do sangramento no olho esquerdo. Após 30 dias, a acuidade visual melhorou para 20/20 no olho operado e 20/50 no olho não tratado, com fundoscopia normal no olho direito e leve opalescência no esquerdo. Dois meses após a operação, a paciente estava assintomático, com acuidade visual de 20/20 em ambos os olhos, com resolução completa do sangramento, fundoscopia normal apenas com redução de brilho macular em olho esquerdo.

Conclusão

O sucesso das abordagens conservadoras e cirúrgicas combinadas enfatiza a necessidade de uma estratégia cuidadosa e baseada em evidências e reafirma o papel crítico do retinologista no gerenciamento de casos complexos para uma possível reabilitação visual.