Código
GR22
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Autores
- MURILO DE GODOY AUGUSTO LUIZ (Interesse Comercial: NÃO)
- ROSANE SILVESTRE CASTRO (Interesse Comercial: NÃO)
- MAURICIO ABUJAMRA NASCIMENTO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
RETINOPATIA PURTSCHER-LIKE (RPL) E COROIDOPATIA EM PACIENTE COM LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO E EMERGENCIA HIPERTENSIVA
Objetivo
Discutir a fisiopatologia do acometimento ocular no LES, demonstrar sinais de gravidade e atividade sistêmica da doença e reforçar a relevância da avaliação do oftalmologista no diagnóstico precoce e tratamento.
Relato do Caso
Feminina, 17 anos, internada por emergência hipertensiva, com piora da acuidade visual (conta dedos ante face bilateral) bilateral há três semanas. Sem antecedentes, em investigação de anasarca, dispneia, hipertensão e dor abdominal com duas internações prévias e laparoscopia branca por hipótese de apendicite aguda. Biomicroscopia sem alterações e tonometria 16 em OD e 17 em OE. Exame fundoscópico bilateral com DR seroso, borramento do disco óptico, manchas algodonosas e hemorragias intrarretinianas em chama de vela peripapilares, Purtscher flecken, áreas de necrose coroidal e tortuosidade vascular. Avaliação multimodal mostrou descolamento neurossensorial da mácula, atraso e falha de enchimento da coroide, hiperfluorescência tardia do nervo óptico e extravasamento vascular peridiscal; ressonância magnética com rombencefalite e sinais de mielite por contiguidade. A avaliação sistêmica levou ao diagnóstico de LES com acometimento ocular (retinopatia e coroidopatia) e SNC e foi iniciado pulsoterapia e ciclofosfamida. Na última avaliação, após 30 dias, foi evidenciada melhora expressiva do descolamento de retina, manchas algodonosas e hemorragias, com AV de 20/800 OD e 20/400 OE.
Conclusão
Na RPL do LES ocorre oclusão arteriolar pré-capilar e infarto da camada de fibras nervosas, agregados leucocitários promovem leucoembolização e o C5 com a ativação do complemento exerce papel no extravasamento linfático secundário. A coroidopatia lúpica é um achado raro em que ocorre descolamento seroso e/ou do EPR e se associa a hipertensão ou quadro sistêmico grave, sendo um marcador sensível de atividade da doença. Inflamação, hipertensão e estado pró-trombótico contribuem na fisiopatologia do acometimento coroidal causando isquemia e microangiopatia. A avaliação oftalmológica precoce é essencial no diagnóstico rápido e acompanhamento do tratamento.